sexta-feira, 22 de agosto de 2014

A GAIOLA DOURADA


Nem só de filme "cabeça" vive o cinema europeu, aí incluído o francês, que tem lançado nos últimos anos, sem qualquer constrangimento, filmes com apelo mais comercial, principalmente no gênero comédia. Três exemplos de produções recentes dessa categoria, e que já foram resenhadas aqui no blog, são: Os IntocáveisQual é o Nome do Bebê e Minhas Tardes com Margueritte. Convenhamos: não dá para ficar só em filme "cabeça" o tempo todo! Obras que se preocupam mais com a diversão do que com a densidade também têm o seu lugar, ainda mais quando seu propósito é nos fazer rir. 

Ainda que fazer pensar profundamente sobre algum tema não seja o seu principal objetivo, não se pode afirmar que esses filmes sejam totalmente vazios, sem qualquer conteúdo. Mesmo essas comédias francesas mais comerciais costumam oferecer algum questionamento um pouco mais elaborado. A diferença é que o tratamento dessa reflexão é bem ameno, de maneira a não prejudicar a natureza principal do filme que é proporcionar diversão despreocupada ao telespectador. 

Esse é o caso de A Gaiola Dourada, película produzida numa parceria firmada entre França e Portugal. O enredo apresenta um casal de imigrantes portugueses (ele é pedreiro; ela, zeladora de um prédio), que vive em Paris há vários anos. Um dia os dois recebem uma herança milionária da qual só poderão usufruir se deixarem suas vidas na França e se transferirem ao seu país de origem para assumirem a administração do negócio. O problema é que esse casal já tem uma vida estabelecida na França, tem filhos franceses e se tornou muito importantes na vida das pessoas que o cercam, como os patrões, os moradores do prédio e os parentes que também moram nesse país. Essas pessoas todas, ao descobrirem que podem ser "abandonados," começam a armar situações para que o casal fique. 

O filme diverte, apresentando situações bem engraçadas; e suavemente nos faz refletir; o seu tal questionamento um pouco mais elaborado consiste no dilema entre ficar num país estrangeiro ao lado da família e amigos, mas levando uma vida simples, ou realizar o sonho de voltar para a terra natal, podendo desfrutar de uma vida de luxo, mas sem a família e os amigos. 

Tudo bem... A Gaiola Dourada é divertido, engraçado, serve para matar o tempo, mas não dá para dizer que é um grande filme. A título de comparação, achei-o inferior aos outros três acima citados. Se, dentro desse segmento de comédias mais descompromissadas, Os Intocáveis e Qual é o Nome do Bebê eu classificaria como muito bons; Minhas Tardes com Margueritte, como bom; eu diria que A Gaiola Dourada é apenas mediano. Isso porque algumas passagens foram previsíveis, algumas soluções foram fáceis (sobretudo o final), uma ou outra piadinha era exageradamente feita para agradar e o dilema do casal foi mal explorado no seu aspecto emocional. De qualquer maneira, é um filme que cabe bem num momento mais preguiçoso.

Trailer


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