terça-feira, 23 de outubro de 2012

CINQUENTA TONS DE CINZA


Vencido mais uma vez pela minha curiosidade (quero ver até aonde essa minha curiosidade vai me levar), li o livro da moda: Cinquenta Tons de Cinza, da escritora inglesa E. L. James. Falam tanto desse livro que não aguentei e resolvi conferir o que ele trazia que despertava tanta discussão. O que eu achei? Bem...Sabe aqueles filmes românticos bem água com açúcar? Pois é, assim é o Cinquenta Tons de Cinza. Todos os elementos desse gênero de filme estão lá: trama de enredo fácil e previsível, personagens caricatos e superficiais, clichê aos montes, e, claro, uma história de amor bem fantasiosa. É possível resumir a história em duas linhas, sem muitos prejuízos para o entendimento: garota de 21 anos de idade, que se comporta como adolescente de 17, sem grana, desajeitada, simples, mas bonita, envolve-se com ricaço bonito, poderoso e misterioso.

A principal diferença do Cinquenta Tons de Cinza para esses filmes é que, além dos dois ingredientes acima, adicionou-se à fórmula boa dose de  pimenta. E não é qualquer pimenta, não! Nesse caso, ela veste fantasia de couro e empunha chicote, algema e mordaça. Pois é...O livro aborda o universo BDSM (bondage, disciplina, dominação, submissão e sadomasoquismo). Se a obra é fiel a esse mundo, não faço ideia, pois não sou adepto dessa prática, nunca li nada a respeito e não me interesso nenhum pouco pelo tema. Por isso, vou abster-me de comentar a importância desse livro nesse aspecto. Não sou a pessoa mais indicada para isso. Prefiro falar dos aspectos, digamos, mais literários (embora eu tampouco seja a pessoa mais indicada para a tarefa; mas, nesse âmbito, atrevo-me um pouco mais) .

Em termos literários, não vi nenhum valor em Cinquenta Tons de Cinza. O livro não acrescenta absolutamente nada nesse sentido. Ao lê-lo, tive a nítida impressão de que E. L. James escreveu o seu livro sem nenhum compromisso ou preocupação, sem pesquisas ou estudos. Parecia trabalho de amador, de tanto que a obra é vazia literariamente. Mais tarde, ao pesquisar sobre o origem do livro, soube que a autora tinha escrito algumas histórias para o site de fãs da saga Crepúsculo, em que os internautas criam a própria ficção com base nos personagens ou situações dessa trilogia. Os leitores desse site gostaram das histórias de James, uma editora se interessou por elas e as publicou. Tudo, então, estava explicado!! Vou, a seguir, entrar em detalhes a respeito do que não gostei na obra. E, por falar nisso, detalhe nesse livro é o que não falta.

A leitura é extremamente cansativa, por conta da preocupação excessiva da autora em descrever minúcias desnecessárias de tudo. Ela chega ao absurdo de detalhar, por exemplo, a xícara em que foi servido o chá para a protagonista, sem que isso contribuísse com nada para trama. E o detalhamento excessivo não é só em relação aos objetos e lugares, mas  também em relação às reações dos personagens. Perdi as contas de quantas vezes aparecem no texto as expressões: engolir em seco, morder os lábios, enrubescer, corar, franzir a testa, arquejar, ficar boquiaberto e outras. Sem falar das constantes intervenções de humor infantil do inconsciente e da tal "deusa interior" da protagonista. Muito chato! Nem a descrição das cenas de sexo me impressionou - as metáforas, por exemplo, são bem fraquinhas - e, como essas cenas ocorriam a toda hora, o texto ficou muito repetitivo. Ou seja, muita enrolação. O livro tem quase 500 páginas, mas poderia ter muito bem 50. Opa! Tá aí! Isso até ajudaria no Marketing!

Por conta de toda essa enrolação, logo no primeiro capítulo descobri a razão do título da obra. A narrativa é tão enfadonha que as vistas rapidamente se cansam; as palavras, então, começam a se embaralhar e a se desvanecer. Aos poucos, a tinta preta das letras se transfere para o fundo branco do papel, que passa a escurecer lentamente por conta da pigmentação cinza que se desprende dos sinais gráficos. As letras e o papel vão se aproximando um do outro, em termos de tonalidade, até ficarem iguais e, assim, transformarem-se numa só massa cinzenta e sonolenta. Não parei para contar quantos tons de cinza surgiram ao longo desse processo de transferência, mas não duvidaria se a conta desse os tais 50. Só não desisti da leitura porque não gosto de deixar nada pela metade; além disso, já tinha dito para algumas pessoas que iria comentá-lo aqui no blog. Então, fui até ao fim.

Enfim, O Cinquenta Tons de Cinza não teve nenhum apelo para mim, nem mesmo serviu como diversão. Não sei o que viram nesse livro, talvez um pouco de futilidade para matar o tempo; assim como veem, às vezes, nos filmes românticos água com açúcar. Se eu vou ler a continuação, o tal Cinquenta tons mais escuros?  Se no primeiro a coisa já ficou preta para mim, imagina com tons mais escuros! Não sou tão curioso e obstinado assim.

A gente se vê na próxima!


8 comentários:

  1. vc merece uma medalha, li meia página e não aguentei...rsrsrs

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    1. Pois, é.
      Não pense que foi fácil. Vc acompanhou minha luta contra o livro.
      Bjs

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  2. Fala Cristian Grey.Kkkkkk

    Bom, na minha opinião a autora só pecou em não descrever uma cena dos dois dançando ou se pagando ao som de Brian Addams. Rsrsrs

    A mulherada ta comendo esse livro com faria.

    Sds
    Bill

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    1. Kkkkk

      Xiii, tô longe de ser esse cara, em todos os aspectos.
      Faltou tb Marvin Gaye, com a música Sexual Healing.
      Não sei o que viram nesse livro.

      Abs

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  3. Não li o livro, mas as críticas realmente não são boas.
    Em especial posso citar aqui um link, onde chega a ser citado uma obra de "pornô de verdade" conforme o próprio autor da crítica coloca.
    Segue o link para os curiosos...

    http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/ivan-martins/noticia/2012/10/pornografia-de-verdade.html

    Tá aí um desafio Hermes... leia este livro que é citado como pornô de verdade e faça seus comentários. Vou atrás deste livro pra ler também (se o tempo assim permitir).

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    1. Fala, Rapha.

      Valeu pelo link e pela dica. Já ouvi falar desse livro. Vou aceitar o desafio. Assim que eu puder, vou ler e comentar aqui.
      Abs

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  4. Eu também li o livro e concordo com você... ele é cheio de detalhes repetitivos e cansativos, que chegam a irritar. Aquela "deusa interior" nem se fala, rsrsrs...
    Fiquei com a ideia de que a autora é tão infantil e ingênua como a Anastasia Steele...
    Apesar do conteúdo adulto, acho que o livro foi escrito para adolescentes. Se eu tivesse novamente meus 17 anos, talvez eu teria gostado tanto quanto gostei do Paulo Coelho na época, rs.

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    1. Oi, Nádia!!
      Boa a relação que fez com os livros do Paulo Coelho.rs
      Em certa medida, são parecidos mesmo.
      Até logo!

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