segunda-feira, 17 de setembro de 2012

BUDAPESTE


Mais uma viagem a trabalho, mais um livro do Chico terminado: Budapeste. Quando li Leite Derramado não tinha entendido a razão de algumas análises negativas a esse livro por uma parte do público e por uma parte da crítica especializada. Como tinha lido essa obra sem muitas expectativas, considerei-a muito boa. Pensei que encontraria um livro apenas mediado, já que não esperava que o Chico, excelente compositor, pudesse se destacar também na literatura. No final, me surpreendi, achei o Leite Derrado acima da média, e não vi tantas falhas como falaram.

Agora que terminei a leitura de Budapeste, entendi parte da decepção em relação ao Leite Derramado. Ainda não li os três primeiros livros desse autor (Fazenda Modelo, Estorvo e Benjamim)  mas, segundo os especialistas, Chico vinha numa linha ascendente em termos de qualidade literária e caiu um pouco com esse último lançamento. Ainda segundo a crítica, depois de lançar livros inexpressivos, ele publicou Budapeste, obra surpreendente, inventiva, inteligente; porém, apesar do ótimo texto, voltou a derrapar com o Leite Derramado, que não apresentou novidades importantes.

Com a leitura de Budapeste, minha avaliação passou a ser semelhante a essa. Essa obra é bem superior à última do Chico. Além do excelente texto, a história é mais envolvente, instigante e inovadora, e permanece por mais tempo na nossa cabeça. Perto de Budapeste, Leite Derramado fica pálido e se destaca mais pelo bom texto do que pelos personagens e pela trama. Não que esse último tenha se tornado ruim ao meus olhos, continuo achando-o bom, mas perdeu um pouco do brilho.

A meu ver, a única evolução que percebi no Leite Derramado em relação a Budapeste, foi a presença mais apropriada, em termo de quantidade, de analogias e metáforas. No segundo livro citado, Chico lança mão em excesso desses recursos, o que trava e cansa um pouco a leitura. Alguns trechos ficaram assim: cansativos. Como o autor é muito bom em analogias - nota-se pelas suas músicas -,  parece que as expressões desse tipo começaram a surgir aos montes no processo criativo, e ele se esqueceu de cortá-las na revisão. Ou eram tão boas, como realmente são, que ele ficou com pena de tirá-las, já que passou a amá-las como a um filho, que, por mais que se tenha, não se consegue abandonar nenhum (uma analogia pobre que me surgiu agora). Só pode ser isso! Porque não é possível que ele não tenha percebido que apareciam de forma exagerada, quase tudo tinha que ser explicado ou enfatizado com alguma analogia! Mas esse é um problema muito pequeno se considerarmos a qualidade da obra.

Já ia me esquecendo de colocar o resumo da história. José Costa é um escritor-fantasma, residente no Rio de Janeiro, que, por obra do acaso, passa algumas horas em Budapeste, mas não tem tempo de andar na cidade, só a vê por cima, mas no hotel conhece o idioma húngaro e se interessa muito por ele. Assim que tem a chance, volta à capital da Hungria para explorar a cidade e a língua. Uma vez em Budapeste, conhece Kriska, uma húngara que vai lhe ensinar os segredos desse idioma.

Leia. Se puder compre, pois é o tipo de livro que merece e deve ser lido mais de uma vez.

2 comentários:

  1. Blz, Bill!
    Vou assistir também, quero conferir como ficou essa história em forma de filme. Leia o livro, é muito bom.
    Abraços!

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